(páli/sânscrito:
बौद्ध धर्म
Buddha Dharma)
É uma filosofia não-teísta que abrange uma variedade
de tradições, crenças e práticas, baseadas nos ensinamentos atribuídos a
Siddhartha Gautama, mais conhecido como Buda (páli/sânscrito: "O Iluminado").
Buda viveu e desenvolveu seus ensinamentos no nordeste do subcontinente
indiano, entre os séculos VI e IV a. C.
Ele
é reconhecido pelos adeptos como um mestre iluminado que compartilhou suas
ideias para ajudar os seres sencientes a alcançar o fim do sofrimento (ou
Dukkha), alcançando o Nirvana (páli: Nibbana) e escapando do que é visto como
um ciclo de sofrimento do renascimento.
Os
ensinamentos de Buda Shakyamuni chegaram ao Tibete pela primeira vez no século
V. Foi somente a partir do século VII, no entanto, quando o Rei Trisong Deutsen
convidou da Índia o monge e erudito Shantarakshita e o Mestre Guru Padmasambava
para construírem o Monastério de Samye, que o budismo firmemente se estabeleceu
no país das neves. Durante a primeira fase de propagação do Carma no Tibete,
surgiu a escola mais antiga do Budismo Tibetano, conhecida como Nyingma,
palavra tibetana que significa “antigo”.
As
quatro escolas; posteriormente, após um período em que um dos reis tentou
dizimar o budismo do país, houve um novo fluxo de mestres indianos e novas
traduções de textos sagrados. Com isso formaram-se novas linhagens de práticas.
Quatro escolas principais foram estabelecidas e são conhecidas até hoje:
Nyingma, Kagyu, Sakya, Gelupa.
Através
dos séculos, os ensinamentos de Buda Shakyamuni foram transmitidos de professor
a aluno por meio das diferentes linhagens de práticas existentes nas quatro
escolas principais. A pureza dos métodos se manteve porque os detentores dessas
linhagens alcançaram realização e maestria das instruções recebidas.
O
Buda
De
acordo com a narrativa convencional, o Buda nasceu em Lumbini (hoje, patrimônio
mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura) por volta do ano 566 a. C. e cresceu em Capilvasto: ambos, atuais
localidades nepalesas. Logo após o nascimento de Siddhartha, um astrólogo
visitou o pai do jovem príncipe, Suddhodana, e profetizou que Siddhartha iria
se tornar um grande rei e que renunciaria ao mundo material para se tornar um
homem santo, se ele, por ventura, visse a vida fora das paredes do palácio: "este
menino será grande entre os grandes. Será um poderoso rei ou um mestre
espiritual que ajudará a humanidade a se libertar de seus sofrimentos".
Após
essa profecia, os pais de Siddhart resolveram criar o filho superprotegido para
que ele não optasse por estudos filosóficos como foi profetizado. Aos dezesseis
anos, ele se casou com sua bela prima Yasodhara; desse relacionamento nasceu
seu único filho, Rahula. Contudo, sempre se mostrou curioso com a vida fora dos
portões do palácio, por fim, em um belo dia, decidiu descobrir o que havia do
outro lado. Aos 29 anos, apesar dos esforços de seu pai, Siddhartha se
aventurou por além do palácio diversas vezes. Em uma série de encontros (em
locais conhecidos pela cultura budista como "quatro pontos"), ele
soube do sofrimento das pessoas comuns, encontrando um homem velho, um outro
doente, um cadáver e, finalmente, um ascético sadhu, aparentemente contente e
em paz com o mundo. Essas experiências levaram Gautama, eventualmente, a
abandonar a vida material e ir em busca de uma vida espiritual.
Siddhartha
Gautama fez uma primeira tentativa, experimentando a ascese e quase morreu de
fome ao longo do processo. Mas, depois de aceitar leite e arroz de uma menina
da vila, ele mudou sua abordagem. Concluiu que as práticas ascéticas extremas,
como o jejum prolongado, respiração sem pressa e a exposição à dor trouxeram
poucos benefícios, espiritualmente falando. Deduziu, então, que as práticas
eram prejudiciais aos praticantes. Ele abandonou o ascetismo, concentrando-se
na meditação anapanasati, através da qual descobriu o que hoje os budistas
chamam de "caminho do meio": um caminho que não passa pela luxúria e
pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de
mortificação do corpo.
Quando
tinha 35 anos de idade, Siddhartha sentou-se embaixo de uma
figueira-dos-pagodes (Ficus religiosa) hoje conhecida como árvore de Bodhi,
localizada em Bodh Gaya, na Índia e prometeu não sair dali até conseguir
atingir a iluminação espiritual.
A
lenda diz que Siddhartha conheceu a dúvida sobre o sucesso de seus objetivos ao
ser confrontado por um demônio chamado Mara, que simboliza o mundo das
aparências e muitas vezes é representado por uma cobra naja. Ainda segundo a
lenda, Mara teria oferecido o nirvana à Sidarta, contudo ele teria percebido
que isso o levaria a se distanciar do mundo e o impediria de transmitir seus
ensinamentos adiante. Assim, por volta dos quarenta anos, Sidarta se
transformou no Buda, o Iluminado, atraindo um grupo de seguidores e instituiu
uma ordem monástica. A partir de então, passaria seus dias ensinando o darma,
viajando por toda a parte nordeste do subcontinente indiano. Ele sempre
enfatizou que não era um deus e que a capacidade de se tornar um buda pertencia
ao ser humano. Faleceu aos oitenta anos de idade, em 483 a. C., em Kushinagar,
na Índia.
Os
estudiosos se contradizem em relação às afirmações sobre a história e os fatos
da vida de Buda. A maioria aceita que ele viveu, ensinou e fundou uma ordem
monástica, mas não aceita de forma consistente os detalhes de sua biografia.
Segundo o escritor Michael Carrithers, em seu livro O Buda, o esboço de uma
vida tem que ser verdadeiro: o nascimento, a maturidade, a renúncia, a busca, o
despertar e a libertação, o ensino e a morte .
Ao
escrever uma biografia sobre Buda, Karen Armstrong disse: "É obviamente
difícil, portanto, escrever uma biografia de Buda, atendendo aos critérios
modernos, porque temos muito pouca informação que pode ser considerada
'histórica'... mas podemos estar razoavelmente confiantes, pois Siddhartta
Gautama realmente existiu e os seus discípulos preservam a sua memória, sua
vida e seus ensinamentos".
CONCEITOS BUDISTAS
Carma: lei de causa e efeito - Carma no budismo
Tradicional
thangka do budismo tibetano alusivo à "Roda da Vida", com seus seis
reinos.No budismo, o Carma (do sânscrito कर्म, transl. karmam, e em pali,
kamma, "ação") é a força de samsara sobre alguém. Boas ações (páli:
kusala), e/ou ações ruins (páli: akisala) geram "sementes" na mente ,
que virão a aflorar nesta vida ou em um renascimento subsequente . Com o
objetivo de cultivar as ações positivas, o sila é um conceito importante do
budismo, geralmente, traduzido como "virtude", "boa
conduta", "moral" e "preceito".
O
carma, na filosofia budista, refere-se especificamente a essas ações (do corpo,
da fala e da mente) que brotam da intenção mental (páli: cetana) e que geram
consequências (frutos) e/ou resultados (vipaka). Cada vez que uma pessoa age,
há alguma qualidade de intenção em sua mente e essa intenção muitas vezes não é
demonstrada pelo seu exterior, mas está em seu interior e este determinará os
efeitos dela decorrentes.
No
budismo Teravada, não pode haver salvação divina ou perdão de um carma, uma vez
que é um processo puramente impessoal que faz parte do Universo. Outras
escolas, como a Maaiana, porém, têm opiniões diferentes. Por exemplo, os textos
dos sutras (como o Sutra do Lótus, Sutra de Angulimala e Sutra do Nirvana)
afirmam que, recitando ou simplesmente ouvindo seus textos, as pessoas podem
expurgar grandes carmas negativos. Da mesma forma, outras escolas, Vajrayana
por exemplo, incentivam a prática dos mantras como meio de cortar um carma
negativo.
Renascimento
Renascimento
se refere a um processo pelo qual os seres passam por uma sucessão de vidas
como uma das muitas formas possíveis de senciência. Entretanto, o budismo,
natural da Índia, rejeita conceitos de "autoestima" permanente ou
"mente imutável", eterna, como é chamada no cristianismo e até mesmo
no hinduísmo, pois, no budismo, existe a doutrina do anatta, sobre a
inexistência de um "eu" permanente e imutável.
De
acordo com o budismo, o renascimento em existências subsequentes deve antes ser
entendido como uma continuação dinâmica, um constante processo de mudança -
"originação dependente" (sânscrito: pratītya-samutpāda) - determinado
pelas leis de causa e efeito (carma), em vez da noção de um ser encarnado ou
transmigrado de uma existência para outra.
Cada
renascimento ocorre dentro de um dos seis reinos, de acordo com os nossos
reinos de desejos, podendo variar de acordo com as escolas:
1.seres
dos infernos: aqueles que vivem em um dos muitos infernos;
2.preta:
o reino de seres que padecem de necessidades sem alívio, sofrimento, remorsos,
fome, sede, nudez, miséria, sintomas de doenças, entre outros;
3.animais:
um espaço de divisão com os humanos, mas considerado como outra vida;
4.seres
humanos: um dos reinos de renascimento, em que é possível atingir o nirvana.
5.semideuses:
variavelmente traduzido como "divindades humildes", titãs e
antideuses; não é reconhecido pelas escolas Teravada e Maaiana, que os
consideram como devas de nível mais baixo;
6.deva:
comparado ao paraíso;
O
renascimento em alguns dos céus mais altos, conhecido como o mundo de
Śuddhāvāsa (moradas puras), pode ser alcançado apenas por pessoas com enorme
realização espiritual, conhecidos como não-regressistas (sânscrito: anāgāmis).
Já o renascimento no reino sem forma (sânscrito: arupa-dhatu) pode ser
alcançando apenas por aqueles que podem meditar sobre o arupajhanas, o maior
objeto de meditação.
De
acordo com o budismo praticado no leste asiático e o budismo tibetano, há um
estado intermediário (o bardo) entre uma vida e a próxima. A posição Teravada
ortodoxa rejeita esse conceito, no entanto existem passagens no Samyutta Nikaya
do Cânone Páli (coleção de textos em que a tradição Teravada é baseada) que
parecem dar apoio à ideia de que o Buda ensinou que existe um estado intermediário
entre esta vida e a próxima.
Cosmologia budista
A
cosmologia budista considera que o Universo é composto por vários sistemas
mundiais, sendo que cada um desses possui um ciclo de nascimento,
desenvolvimento e declínio que dura bilhões de anos. Num sistema mundial
existem seis reinos, que por sua vez incluem vários níveis, num total de trinta
e um.
O
reino dos infernos situa-se na parte inferior. A concepção do inferno budista é
diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de
permanência eterna nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo
divino; os seres que habitam no inferno libertam-se dele assim que o mau karma
que os conduziu ali se esgota. Por outro lado, o budismo considera que existem
não apenas infernos quentes, mas também infernos frios.
Acima
do reino dos infernos pelo lado esquerdo, encontra-se o reino animal, o único
dos vários reinos perceptível aos humanos e onde vivem as várias espécies.
Acima do reino dos infernos pelo lado direito, encontra-se o mundo dos
espíritos ávidos ou fantasmas (preta). Os seres que nele vivem sentem
constantemente sede ou fome, sem nunca terem essas necessidades saciadas. A
arte budista representa os habitantes desse reino como tendo um estômago do
tamanho de uma montanha e uma boca minúscula.
O
reino seguinte é o dos Asura (termo traduzido como "Titãs" ou dos
antideuses). Os seus habitantes ali nasceram em resultado de ações positivas
realizadas com um sentimento de inveja e competição e vivem em guerra constante
com os deuses.
O
quinto reino é o dos seres humanos. É considerado como um reino de nascimento
desejável, mas ao mesmo tempo difícil. A vida enquanto humano é vista como uma
via intermédia nessa cosmologia, sendo caracterizada pela alternância das
alegrias e dos sofrimentos, o que de acordo com a perspectiva budista favorece
a tomada de consciência sobre a condição samsárica.
O
último reino é o dos deuses (deva) e é composto por vários níveis ou
residências. Nos níveis mais próximos do reino humano, vivem seres que, devido
à prática de boas acções, levam uma acção harmoniosa. Os níveis situados entre
o vigésimo terceiro e o vigésimo sétimo são denominados como "Residências
Puras", sendo habitadas por seres que se encontram perto de atingir a
iluminação e não voltarão a renascer como humanos.
O ciclo de samsara
Samsara
é o ciclo das existências nas quais reinam o sofrimento e a frustração
engendrados pela ignorância e pelos conflitos emocionais que dela resultam. O
samsara compreende os três mundos superiores (deva, semideuses e seres humanos)
e os três inferiores (seres dos infernos, preta e animais), julgados não por um
valor, mas em função da intensidade de sofrimento.
Os
budistas acreditam, em sua maioria, no samsara. Este, por sua vez, é regido
pelas leis do carma: a boa conduta produzirá bom carma e a má alma produzirá
carma maléfico. Assim como os hindus, os budistas interpretam o samsara
não-esclarecido como um estado de sofrimento. Só nos libertaremos do samsara se
atingirmos o estado total de aceitação, visto que nós sofremos por desejar
coisas passageiras, e alcançarmos o nirvana ou a salvação .
Sofrimento: causas e soluções - As
Quatro Nobres Verdades
De
acordo com o Cânone Páli, As Quatro Nobres Verdades foram os primeiros
ensinamentos deixados pelo Buda depois de atingir o nirvana. Algumas vezes, são
consideradas como a essência dos ensinamentos do Buda e são apresentadas na
forma de um diagnóstico médico:
1.a
vida como a conhecemos é finalmente levada ao sofrimento e/ou mal-estar
(dukkha), de uma forma ou outra;
2.o
sofrimento é causado pelo desejo (trishna). Isso é, muitas vezes, expressado
como um engano agarrado a um certo sentimento de existência, a individualidade,
ou para coisas ou fenômenos que consideramos causadores da felicidade e
infelicidade. O desejo também tem seu aspecto negativo;
3.o
sofrimento acaba quando termina o desejo. Isso é conseguido através da
eliminação da ilusão (maya), assim alcançamos um estado de libertação do
iluminado (bodhi);
4.esse
estado é conquistado através dos caminhos ensinados pelo Buda.
Esse
método é descrito por alguns acadêmicos ocidentais e ensinado como uma
introdução ao budismo por alguns professores contemporâneos do Maaiana, como
por exemplo o Dalai Lama.
De
acordo com outras interpretações de mestres budistas e eruditos, e recentemente
reconhecidas por alguns estudiosos ocidentais não-budistas, as
"verdades" não representam meras declarações e/ou indicações,
entretanto estas podem ser agrupadas em dois grupos:
1.o
sofrimento e as causas do sofrimento;
2.a
cessação do sofrimento e os caminhos para a libertação.
A
Enciclopédia Macmillan de Budismo simplifica As Quatro Nobres Verdades,
deixando-as da seguinte maneira:
1."A
Verdade Nobre Que Está Sofrendo";
2."A
Verdade Nobre Que É O Surgimento do Sofrimento";
3."A
Verdade Nobre Que É O Fim do Sofrimento";
4."A
Verdade Nobre Que Produz o Caminho para o Fim do Sofrimento".
A
compreensão tradicional do Teravada sobre As Quatro Nobres Verdades é que estas
são um ensino avançado para aqueles que estão "prontos". A posição
Maaiana é que eles são ensinamentos prejudiciais para as pessoas que ainda não
estão prontas para ensinar. No Extremo Oriente, os ensinamentos são pouco
conhecidos.
O Nobre Caminho Óctuplo
O
Dharmachakra representando o Nobre Caminho Óctuplo.O Nobre Caminho Óctuplo - A
Quarta Nobre Verdade do Buda - é o caminho para a o fim do sofrimento (dukkha).
Tem oito seções, cada uma começando com a palavra samyak (que em sânscrito
significa "corretamente" e "devidamente"), e são
apresentadas em três grupos:
prajna: é a sabedoria que purifica
a mente, permitindo-lhe atingir uma visão espiritual da natureza de todas as
coisas. Engloba:
1.dṛṣṭi
(ditthi): ver a realidade como ela é, não apenas como parece ser;
2.saṃkalpa
(sankappa): a intenção de renúncia, de liberdade e inocuidade.
sila: é a ética ou moral, a
abstenção de atos nocivos. Engloba:
3.vāc
vāc (vāca): falando de uma maneira verdadeira e não-ofensiva;
4.karman
(kammanta): agir de uma maneira não-prejudicial;
5.ājīvana
(ājīva): o meio de vida deve seguir os preceitos citados anteriormente40 .
samadhi: é a disciplina mental
necessária para desenvolver o domínio sobre a própria mente. Isso é feito através
de práticas, engloba:
6.vyāyāma
vyāyāma (vāyāma): fazer um esforço para melhorar;
7.smṛti
(sati): ver as coisas como elas estão com a consciência clara da realidade
presente dentro de si mesmo, sem desejo ou aversão;
8.samādhi
(samādhi): meditar ou concentrar-se de maneira correta.
A
prática do Caminho Óctuplo é compreendida de duas maneiras: desenvolvimento
simultâneo dos oito itens paralelamente, ou como uma série progressiva pela
qual o praticante se move, ao conquistar um estágio. Contudo, os quatro nikāyas
principais e o Caminho Óctuplo, geralmente, não são ensinados para leigos e são
pouco conhecidos no Extremo Oriente .
Caminho do Meio
Um
importante princípio orientador da prática budista é o Caminho do Meio, que se
diz ter sido descoberto pelo Buda, antes de sua iluminação. O Caminho do Meio
tem várias definições:
1. a
prática de não-extremismo: um caminho de moderação e distância entre a
autoindulgência e a morte;
2. o
meio-termo entre determinadas visões metafísicas;
3. uma
explicação do nirvana (perfeita iluminação), um estado no qual fica claro que
todas as dualidades aparentes no mundo são ilusórias;
4. outros
termos para o sunyata, a última natureza de todos os fenômenos (na escola
Maaiana).
Nirvana
1.É a meta do budismo.
2.É
o apagar do fogo das paixões e a extinção do ego.
3.É
não necessitar mais reencarnar.
4.É
o que todo budista procura por toda vida, a paz absoluta.
5.É
o que faz do homem comum um Buda.
6.É
a iluminação.
7.É
a extrema paz.
Nos
primeiros ensinamentos budistas, de certa forma, compartilhado por todas as
escolas existentes, o conceito de libertação (nirvana) está intimamente ligado
com a correta compreensão de como a mente lida com o estresse. Ao termos
conhecimento sobre o apego, um sentimento de desapego é gerado e se é liberado
do sofrimento (dukkha) e do ciclo de renascimento (samsara).
Escolas
A
sangha original, após a realização de um concílio no século IV a.C, dividiu-se
em duas escolas de pensamento: Mahasanghika e Sthaviravada. Desses dois
troncos, a única escola remanescente é a Theravada. Os três veículos principais
são: Escolas Antigas, Escolas Mahayana e Escolas Vajrayana.
Escolas
Antigas: Ch'eng-shih, Chu-she, Jôjitsu, Kusha, Lü-tsung, Mahasanghika,
Pudgalavada, Ritsu, Sarvastivada, Sautrantika, Sthaviravada, Theravada e
Vaibhashika;
Escolas
Mahayana: Ch'an, Ching-t'u, Chittamatra, Fa-hsiang, Hossô, Hua-yen, Ji-shû,
Jnanavada, Jôdo, Jôdo Shin, Kegon, Madhyamaka, Madhyamika, Nichiren, Nieh-p'an,
San-lun, Sanron, Tathagatagarbha, Ti-lun, Won, Yogachara, Yün-chi e Zen;
Escolas
Vajrayana: Nyingma, Gelug, Sakya, Jonang, Kadam, Kagyü, Mi-tsung, Shingon,
Tendai e T'ien-t'ai.
Escrituras
Edição
do Cânone Pali. Buda não deixou nada
escrito. De acordo com a tradição budista, ainda no próprio ano em que o Buda
faleceu teria sido realizado um concílio na cidade de Rajaghra, onde discípulos
do Buda recitaram os ensinamentos perante uma assembleia de monges que os
transmitiram de forma oral aos seus discípulos. Porém, a historicidade desse
concílio é alvo de debate: para alguns esse relato não passa de uma forma de
legitimação posterior da autenticidade das escrituras.
Por
volta do século I d.C., os ensinamentos do Buda começaram a ser escritos. Um
dos primeiros lugares onde se escreveram esses ensinamentos foi no Sri Lanka,
onde se constituiu o denominado Cânone
Pali. O Cânone Pali é considerado pela tradição Theravada como contendo os
textos que se aproximam mais dos ensinamentos do Buda. Não existem, contudo, no
budismo um livro sagrado como a Bíblia ou o Alcorão, que seja igual para todos
os crentes; para além do Cânone Pali,
existem outros cânones budistas, como o chinês e o tibetano.
O
cânone budista divide-se em três grupos de textos, denominado "Triplo
Cesto de Flores" (tipitaka em pali e tripitaka em sânscrito):
1.Sutra
Pitaka: agrupa os discursos do Buda tais como teriam sido recitados por Ananda
no primeiro concílio. Divide-se por sua vez em vários subgrupos;
2.Vinaya
Pitaka: reúne o conjunto de regras que os monges budistas devem seguir e cuja
transgressão é alvo de uma penitência. Contém textos que mostram como surgiu
determinada regra monástica e fórmulas rituais usadas, por exemplo, na
ordenação. Estas regras teriam sido relatadas no primeiro concílio por Upali;
3.Abhidharma
Pitaka: trata do aspecto filosófico e psicológico contido nos ensinamentos do
Buda, incluindo listas de termos técnicos.
Quando
se verificou a ascensão do budismo Mahayana, essa tradição alegou que o Buda
ensinou outras doutrinas que permaneceram ocultas até que o mundo estivesse
pronto para recebê-las; dessa forma a tradição Mahayana inclui outros textos
que não se encontram no Theravada.
Difusão do budismo
A
partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se
para outras partes do norte e para o centro da Índia.
Embora
o budismo tenha passado por uma verdadeira renovação a partir de 1959, ano em
que o Dalai Lama escolhe o exílio, ele parece quase ausente da Índia, a ponto
de termos, muitas vezes, de seguir turistas estrangeiros para localizar os
lugares santos de antigamente. Nesse percurso, ao longo dos séculos, o budismo
suscitou desvios, heresias, seitas.
Sri
Lanka e Sudeste da Ásia - .A tradição cingalesa atribui a introdução do budismo
no Sri Lanka ao monge Mahinda, filho de Asoka, que teria chegado à ilha em
meados do século III a.C., acompanhado por outros missionários.
Foi no Sri Lanka que, por volta do ano
80 a.C., se redigiu o Cânone Pali, a colectânea mais antiga de textos que
reflectem os ensinamentos do Buda. No século V d.C., chegou à
ilha o monge Buddhaghosa que foi responsável por coligir e editar os primeiros
comentários feitos ao Cânone, traduzindo-os para o pali.
Na
Tailândia, o budismo lançou raízes no século VII nos reinos de Dvaravati (no
sul, na região de Banguecoque) e de Haripunjaya (no norte, na região de
Lamphun), ambos reinos da etnia Mon. No século XII, o povo Tai, que chegou ao
território vindo do sudoeste da China, adoptou o budismo Theravada como a sua
religião.
A
presença do budismo na península Malaia está atestada desde o século IV, assim
como nas ilhas de Java e Sumatra.
China
- A tradição atribui a introdução do
budismo na China ao imperador Ming de Han (25-220 d.C.), o segundo imperador da
dinastia Han do leste. Escrituas budistas teriam sido trazidas à China, nas
costas de cavalos brancos, por Dharmarakṣa e Kaśyapa Mātaṅga, dois grandes
monges indianos. Então o imperador ordenou a construção do primeiro templo
budista da China, o monastério Baima, na atual cidade de Luoyang, província de
Henan. Os monges levaram para a China 42 sutras, contendo 600.000 palavras em
sânscrito.
Independentemente
da tradição, o budismo só se espalhou na China nos séculos V e VI com o apoio
da dinastia Wei e Tang. Durante este período estabelecem-se na China escolas
budistas de origem indiana ao mesmo tempo em que se desenvolvem escolas
próprias chinesas.
Coreia
e Japão - O budismo entrou na Coreia no
século IV. No século VIII, foi difundido na Coreia o budismo da escola chinesa
Chan, denominado son (ou seon) em coreano e que se tornou a escola dominante. O
budismo continuou a florescer durante a era Koryo (935-1392), até que a
dinastia Li (1392-1910) favoreceu o confucionismo.
A
partir da Coreia e da China, o Budismo foi introduzido no Japão em meados do
século VI. Em 593, o príncipe Shotoku declarou-o como religião do Estado, mas o
budismo foi até à Idade Média um movimento ligado à corte e à aristocracia sem
larga adesão popular (os missionários coreanos tinham apresentado à corte
japonesa o budismo como elemento de protecção nacional).. Durante a era
Kamakura (1185-1333), o budismo populariza-se finalmente com as escolas Terra
Pura, Nichiren e Zen (Chan) nas suas principais vertentes chinesas das escolas
Rinzai (Linji) e Soto (Caodong).
Tibete
- No Tibete, o budismo propagou-se em
dois momentos diferentes. O rei Srong-brtsan-sgam-po (Songtsen Gampo,
c.627-c.650), influenciado pelas suas duas esposas budistas, decidiu mandar
chamar ao Tibete monges indianos para ali difundirem a religião. Durante o
reinado de Khri-srong-lde-btsan (Trisong Deutsen), construiu-se o primeiro
mosteiro budista tibetano e em 747 chegou ao território o notável iogue indiano
Padmasambhava, que organizou o budismo tibetano e fundou a escola hoje
conhecida como Nyingma (ou "escola da tradição antiga", em relação às
posteriores escolas estabelecidas por outros professores). Contudo, uma reação
hostil da religião indígena, o Bon, levaria ao declínio do budismo nos dois
séculos seguintes.
O
budismo seria reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do
monge indiano Atisa, que chegou ao território em 1042. Com o passar do tempo,
formaram-se quatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa. Em 1578,
membros desta última escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. Alta Khan criou o título de Dalai Lama, que
concedeu ao líder da escola Gelugpa. Em 1641, com ajuda dos mongóis, o quinto
Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do
Tibete. Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibete até
à invasão chinesa. O quinto dalai lama criou o cargo de Panchen-lama, que
reside no mosteiro de T-shi-lhum-po e que foi visto como uma encarnação do
Amitabha.
DALAI
LAMA
Titular:Tenzin
Gyatso, o 14º Dalai Lama
Título:
Sua Santidade/Sua Majestade
O
Dalai Lama é o título de uma linhagem de líderes religiosos da escola Gelug do
budismo tibetano, tratando-se de um monge e lama, reconhecido por todas as
escolas do budismo tibetano. Também foram os líderes políticos do Tibete entre
os século XVII até 1959, residindo em Lhasa. O Dalai Lama é também o líder
oficial do governo tibetano em exílio, ou Administração Central Tibetana.
"Lama" é um termo geral que se refere aos professores budistas
tibetanos. O atual Dalai Lama é muitas vezes chamado de "Sua
Santidade" por ocidentais, embora este pronome de tratamento não exista no
tibetano, não se tratando de uma tradução. Tibetanos podem referir-se a ele
através de epítetos tais como Gyawa Rinpoche que significa "grande
protetor", ou Yeshe Norbu, a "grande joia".
Acredita-se
que o Dalai Lama seja a reencarnação de uma longa linha de tulkus, que optaram
pela reencarnação, a fim de esclarecer a humanidade. O Dalai Lama é muitas
vezes considerado o chefe da Escola Gelug, mas esta posição oficialmente
pertence ao Ganden Tripa, que é uma posição temporária nomeada pelo Dalai Lama
(que, na prática, exerce mais influência). Dalai significa "Oceano"
em mongol e "Lama" é a palavra tibetana para mestre, guru, e várias
vezes referido por "Oceano de Sabedoria", um título dado pelo regime
mongoliano a Altan Khan (o terceiro Dalai Lama) e agora aplicado a cada
encarnação na sua linhagem. Os dalai lamas são mostrados como sendo a
manifestação de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da Compaixão, cujo o nome é
Chenrezig em tibetano. Após a morte do Dalai Lama, uma pesquisa é instituída
pelos seus monges para descobrir o seu renascimento, ou tulku.