quarta-feira, 19 de março de 2014

Aprender e praticar a compaixão

O dia 19 de março, dia de São José, nosso amado Saint Germain, é um dia especial para aprendermos a compaixão.

Pratiquemos...

Até agora, cientificamente, pouco se sabia sobre o potencial humano para cultivar a compaixão - o estado emocional de importar-se com as pessoas que sofrem de modo a motivar o comportamento altruísta.
Um novo estudo realizado por pesquisadores do Center for Investigating Healthy Minds no Waisman Center da Universidade de Wisconsin-Madison mostra que adultos podem ser treinados para serem mais compassivoe. O relatório, publicado na revista online Psychological Science, é o primeiro a investigar se o treinamento na compaixão em adultos pode resultar em um comportamento altruísta maior e alterações correspondentes nos sistemas neurais subjacentes à compaixão. 

"A nossa questão fundamental foi: 'A compaixão pode ser treinada e aprendida por adultos? Podemos nos tornar mais compassivos se praticarmos essa propensão mental?'" diz Helen Weng, uma estudante de pós-graduação em psicologia clínica e principal autora do estudo. "Nossa evidência aponta que sim".

No estudo, os pesquisadores treinaram jovens adultos a desenvolverem a 

MEDITAÇÃO DA COMPAIXÃO, uma antiga técnica Budista para aumentar os sentimentos de compaixão para com as pessoas que estão sofrendo. Na meditação, os participantes visualizavam uma situação em que alguém estivesse sofrendo e então praticavam desejando que o seu sofrimento fosse aliviado. Eles repetiam frases para ajudá-los a estimular os sentimentos de compaixão, como por exemplo: "Que você possa estar livre do sofrimento. Que você possa ter alegria e paz."

Os participantes praticaram com diferentes tipos de pessoas, começando primeiro com um ente querido, alguém com relação a quem eles facilmente sentiriam compaixão como um amigo ou um membro da família. Em seguida, praticaram compaixão para si mesmos e, em seguida, um estranho. Finalmente, praticaram compaixão por alguém com quem eles tivessem algum tipo de conflito, com a chamada "pessoa difícil", como um colega de trabalho problemático ou um companheiro de quarto. 

"É como se fosse um treinamento com pesos", diz Weng. "Usando essa abordagem sistemática, descobrimos que as pessoas podem realmente incrementar o seu 'músculo' da compaixão e responder ao sofrimento dos outros com atenção e desejo de ajudar." 

O grupo do treinamento na compaixão foi comparado a um grupo de controle que aprendeu a reavaliação cognitiva, uma técnica na qual as pessoas aprendem a reformular os seus pensamentos para sentir-se menos negativas. Ambos grupos ouviram pela internet as instruções guiadas durante 30 minutos por dia, durante duas semanas. "Queríamos investigar se as pessoas poderiam começar a mudar os seus hábitos emocionais em um período de tempo relativamente curto", diz Weng. 

O estudo mostrou que os adultos aprendem a regular as suas emoções de modo a se dirigir às pessoas que sofrem com compaixão. 

O verdadeiro teste se a compaixão pode ser treinada era ver se as pessoas estariam mais dispostas a ser mais altruístas - mesmo ajudando pessoas que nunca tivessem visto antes. A pesquisa testou essa hipótese pedindo aos participantes para jogar um jogo no qual elas teriam a oportunidade de gastar o seu próprio dinheiro para ajudar alguém passando necessidade (o chamado "Jogo da Redistribuição"). Elas jogaram o jogo através da Internet com dois jogadores anônimos, o "ditador" e a "vítima". Elas observavam como o ditador compartilhava com a vítima um valor injusto (apenas $ 1 de $ 10). Elas então decidiam quanto gastariam do seu próprio dinheiro (do total de $ 5), a fim de equilibrar a divisão injusta e redistribuir fundos do ditador para a vítima. 

"Descobrimos que as pessoas treinadas em compaixão estavam mais propensas a gastar do seu próprio dinheiro para ajudar alguém que foi tratado injustamente, do que aquelas que foram treinadas em reavaliação cognitiva", disse Weng. 

"Queríamos ver o que havia mudado nos cérebros das pessoas que deram mais para alguém passando necessidade. Porque elas agora estariam respondendo ao sofrimento de forma diferente?" perguntou Weng. O estudo mediu as mudanças nas respostas do cérebro usando a ressonância magnética funcional (fMRI), antes e após o treinamento. No scanner de ressonância magnética os participantes viram imagens retratando o sofrimento humano, como uma criança chorando, ou uma vítima de queimadura, e geraram sentimentos de compaixão para com essas pessoas empregando as habilidades que haviam praticado. O grupo de controle foi exposto às mesmas imagens, pedindo-lhes que as reformulassem em uma perspectiva mais positiva, como na reavaliação cognitiva. 

Os pesquisadores mediram quanto a atividade cerebral tinha mudado desde o início até o final do treinamento, e descobriram que as pessoas mais altruístas após o treinamento da compaixão foram as que apresentaram o maior número de mudanças no cérebro ao ver o sofrimento humano. Eles descobriram que a atividade aumentou no córtex parietal inferior, uma região envolvida com a empatia e a compreensão das outras pessoas. O treinamento na compaixão também aumentou a atividade no córtex pré-frontal dorsolateral e o grau de comunicação deste com o nucleus accumbens, a região do cérebro envolvida na regulação da emoção e nas emoções positivas. 

"As pessoas parecem que se tornam mais sensíveis ao sofrimento das outras pessoas, sendo que isso é desafiante emocionalmente. Elas aprendem a regular as suas emoções de modo a enxergar o sofrimento das outras pessoas com compaixão e o desejo de ajudar ao invés de se afastar", explica Weng.
"É uma espécie de musculação ... verificou-se que as pessoas podem realmente desenvolver o seu 'músculo' da compaixão e responder ao sofrimento dos outros com compaixão e o desejo de ajudar".

A compaixão, tal como habilidades físicas e acadêmicas, parece ser algo que não é fixo, mas que pode ser melhorado com o treinamento e a prática. "O fato que as alterações na função cerebral foram observadas depois de apenas um total de sete horas de treinamento é notável", explica Richard J. Davidson, professor de psicologia e psiquiatria da Universidade de Wisconsin-Madison, fundador e presidente do Center for Investigating Healthy Minds e autor sênior do estudo. 

"Há muitas aplicações possíveis deste tipo de treinamento", diz Davidson. "O treinamento na compaixão e bondade nas escolas pode ajudar as crianças a aprender a estar em sintonia com as suas próprias emoções, bem como com as emoções dos outros, o que pode diminuir o bullying. O treinamento na compaixão também podem beneficiar as pessoas que enfrentam situações sociais difíceis, como ansiedade social ou comportamento anti-social." 

Weng também está animada como o treinamento na compaixão pode ajudar a população em geral. "Estudamos os efeitos deste treinamento com participantes saudáveis, o que demonstra que isso pode ajudar a pessoa comum. Eu adoraria que mais pessoas tivessem acesso ao treinamento e o experimentassem por uma ou duas semanas - quais mudanças elas veriam nas suas próprias vidas?" 

Ambos treinamentos na compaixão e na reavaliação cognitiva estão disponíveis no website do Center for Investigating Healthy Minds. "Penso que estamos apenas arranhando a superfície sobre como a compaixão pode transformar a vida das pessoas", diz Weng. 

Fonte e mais informações:
http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/meditacao_compaixao.php
http://www.news.wisc.edu/21811
http://pss.sagepub.com/content/early/2013/05/20/0956797612469537.abstract

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